segunda-feira, 24 de junho de 2013

Aruba: onde ficar


Aruba: onde ficar

Palm Beach, Aruba
[Marriott Stellaris]
Os hotéis (e time-sharings) ocupam inteiramente os dois trechos mais nobres e Aruba, Eagle Beach e Palm Beach (assim mesmo, em inglês). É possível também se hospedar no centrinho da capital, Oranjestad. Veja as vantagens e desvantagens de cada localização e descubra o seu hotel.

View Aruba: onde ficar in a larger map
PALM BEACH
Palm Beach
[De Palm Pier]
Fica a 7 km do centrinho, na direção norte. Foi a segunda zona hoteleira a ser desenvolvida, com hotéis verticais. Tanto que aparece, em algumas placas, com a denominação ”High Rise Hotels” — algo como “zona de hotéis altos”.
Ali, numa faixa de dois quilômetros e meio, alinham-se hotéis modernos, pé na areia, construídos ao gosto americano, como em Cancún. Só que, bem diferente de Cancún, você pode atravessar a rua atrás do hotel e sair andando para encontrar restaurantes, bares e lojinhas. Essa mini-Cancunzinha com footing, erguida em escala humana, é para mim o grande diferencial de Aruba com relação aos outros destinos caribenhos mais populares entre os brasileiros.  Isso é o que me faz recomendar Palm Beach como a opção número 1 de hospedagem em Aruba e a própria razão para escolher a ilha entre todas as outras.
Tecnicamente, a praia não é a melhor de Aruba. Longe disso: a faixa de areia é estreita e tem boa parte tomada por espreguiçadeiras. O mar, apesar de ter um lindo tom azul-bebê, não é muito cristalino, devido à areia finíssima em suspensão. Mas a praia tem seus méritos: um calçadãozinho simpático serpenteia entre os hotéis (você pode usar os bares dos outros hotéis como visitante). O mar é calmíssimo, sem perigo para crianças. De quando em quando você depara com um quiosque/restaurante independente (como o Moomba Beach). O píer da De Palm Tours, que tem um bar na ponta (o Bugaloe), é um charme. E o fim de tarde na praia é perfeito: muitos hotéis montam mesas na areia para jantares românticos ao pôr do sol.
O esquema para curtir Palm Beach é combinar dias de preguiça com dias de passeio, voltando para curtir o entardecer e a noitada por lá, sem se incomodar com transporte e estacionamento à noite. O café da manhã normalmente não está incluído na diária e custa entre 17 e 20 dólares. É caro, mas se você aproveitar os bons buffets e comer só um lanchinho na hora do almoço, vale a pena. Senão, procure na rua de trás um lugar para tomar café (dá para tomar por menos de 10 dólares) ou faça compras no supermercado, aproveitando o frigobar e a cafeteira do quarto.

View Aruba: onde ficar in a larger map
–> DIVI PHOENIX
Divi PhoenixDivi Phoenix
[Divi Phoenix]
O primeiro hotel da orla, para quem vem de Oranjestad, é o Divi Phoenix. Pontos altos: todos os apartamentos têm cozinha; o trecho de praia é o mais cristalino de Palm Beach — e também o mais sossegado, porque está no canto da praia, não é passagem para nada. O bar/restaurante de praia, o Pure Beach, é charmoso, com ares de South Beach. Não tem cassino. Procure ficar nos apartamentos da torre, que são mais novos. A desvantagem do Divi Phoenix é que está fora da área dos restaurantes e lojinhas; se você não quiser caminhar dez minutos, vai ter que ir de carro. Se você estiver de carro alugado e o preço estiver interessante, vai firme (eu fiquei e recomendo). Pesquise tarifas, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> WESTIN
WestinWestin
[Westin]
WestinWestin
[Westin]
Já mais próximo do agito, mas ainda não no fervo, fica o Westin, um dos preferidos dos brasileiros. É um hotel enxuto, com uma boa piscina mas sem maiores tiques de resort, e por isso costuma oferecer um bom custo x benefício. O trecho da praia é relativamente sossegado, por não estar no meião. É preciso caminhar mais de cinco minutos até chegar às quadras dos restaurantes. Já fiquei e gostei. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> THE MILLS
Na quadra de trás do Westin fica o hotel boi-de-piranha dos pacotes (usado como chamariz de preço baixo), o The Mills. O preço fica ainda mais apetitoso quando você vê que todos os apartamentos têm cozinha equipada. Mas não espere luxos, e conte em caminhar pouco mais de cinco minutos até o início da zona da muvuca noturna. Tem uma estaçãozinha na praia que aluga espreguiçadeiras. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> RIU PALACE
Riu Palace
[Riu]
De volta à areia, o vizinho de muro do Westin é o Riu Palace Aruba, um all-inclusive. A rede tem seus fãs, mas eu não curto não: acho os hotéis rebuscados, exagerados. E se eu já não recomendo all-inclusive em Aruba, em Palm Beach acho que não faz o menor sentido: a razão de estar ali é poder aproveitar a muvuquinha; se é para fazer todas as refeições dentro do hotel, faz mais sentido ficar em Eagle, que é uma praia melhor e não oferece a tentação do consumo do lado de fora.
–> RADISSON
Radisson
[Radisson]
O hotel seguinte é o Radisson. Ainda não me hospedei nele, mas é possivelmente o hotel com a melhor relação estrutura x localização. Tem três grandes piscinas e um cassino de bom porte. O píer da De Palm Tours, de onde saem os passeios para a De Palm Island e onde fica o charmoso bar Bugaloe, está à esquerda do hotel. E você estará no comecinho do footing noturno: você atravessa a rua de trás e já está no shoppingzinho The Village (onde pontifica o Señor Frog’s, mas também se encontra o bom restaurante arubiano Soenchi’s). Na esquina estão o italiano Gianni’s e a steakhouse Daniel, e dobrando a rua você encontra a disco Confession, o Hard Rock Café e o shopping de bares South Beach Center (onde eu gosto do Café Rembrandt). Na outra calçada dessa rua lateral você chega a outros restaurantes, que detalho daqui a dois parágrafos, quando falar do Brickell Bay. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> OCCIDENTAL GRAND
O vizinho de direita do Radisson é outro all-inclusive, o Occidental Grand. Acho um hotel mais simpático que o Riu, mas continuo não achando que all-inclusive valha a pena na ilha — sobretudo em Palm Beach.
–> BRICKELL BAY
Brickell BayBrickell Bay
[Brickell Bay]
Na quadra de trás do Occidental está aquele que eu acho a melhor alternativa econômica de Palm Beach, o Brickell Bay. É um três estrelas, sem estrutura nenhuma, piscina minúscula e funcionários não muito bem humorados — mas o quarto é gostoso, o preço costuma ser bom e a localização é perfeita. Há uma saída para a praia em frente; indo reto, você chega até o quiosque conveniado onde pode alugar sua espreguiçadeira. Na própria quadra do hotel, no shoppingzinho Arawak, você encontra o Salt & Pepper, onde dá pra tomar café da manhã a menos de 10 dólares. O hotel também é vizinho do notório Hooters. Há outros restaurantes na quadra, como a pizzaria (em conta!) Tomato Charlie’s e o piano bar The Sopranos. Pegando a rua lateral (a mesma do Hard Rock Café e do South Beach Center, descritos no parágrafo do Radisson) você chega à churrascaria-rodízio Amazônia e ao bom restaurante de peixes Aqua Grill. No fim da quadra estará o McDonald’s; e se você atravessar a estrada, vai achar um dos segredos desta região, o tailandês BBB Sawasdee. Já fiquei e achei um bom negócio. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> HYATT
Hyatt
[Hyatt]
Voltando à beira-mar: passando o Occidental está o Hyatt, o mais sofisticado da ilha. Os apartamentos são elegantes, os jardins, belíssimos — e a estrutura para crianças interessante, com tobogã na piscina. A quadra de trás, porém, é ocupada pelo estacionamento. Caminhando para um lado você chega aos restaurantes descritos nos parágrafos do Brickell Bay e do Radisson; para o outro, chega ao simpático Smoky Joe’s Island Grill, cenografado para não esquecer que está no Caribe, e à churrascaria-rodízio Texas de Brazil. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> COSTA LINDA
Ao lado do Hyatt fica o Costa Linda, que funciona sobretudo como time-sharing. Para os não-hóspedes, o interessante são as lojinhas e restaurantinhos que dão para a rua de trás.
–> HOLIDAY INN
Holiday Inn
[Holiday Inn]
O próximo hotel é controverso: o Holiday Inn. O preço costuma ser o menor entre os pé-na-areia, e a localização é ótima: fica em frente ao shopping mais gostoso de Palm Beach, o Paseo Herencia (onde tem Friday’s, japonês, Starbucks, Häagen Dazs e o casa de espetáculo Zissles, que apresenta um cover de Cirque du Soleil). Na praia, ao seu lado direito, na divisa com o complexo Marriott, você encontra um restaurante praiano legalzinho, o Moomba Beach. O problema do Holiday Inn é que o hotel estava muito detonado; uma renovação milionária está em curso, mas ao que parece só uma ala está pronta. Então tome cuidado com os apartamentos mais baratinhos. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
–> MARRIOTT
Marriott ArubaMarriott
[Marriott Stellaris]
MarriottMarriott
[Marriott Stellaris]
Por enquanto, a orla de Palm Beach termina no complexo Marriott (estão construindo um Ritz-Carlton no terreno seguinte). São três hotéis: dois com características mais funcionais, com cozinha equipada, próprios para time-sharing — o Marriott Surf Club (apartamentos mais familiares, com lavanderia) e o Marriott Ocean Club (apartamentos mais sofisticados) — e o 5 estrelas Marriott & Stellaris Casino. A localização na praia é interessante, porque está no canto direito, com pouca passagem. Mas em termos do movimento da rua de trás, está mal posicionado: é preciso caminhar de 5 a 10 minutos (ou pegar o bondinho) para ir à muvuca. De todo modo, o hotel é auto-suficiente: nos dias em que der preguiça, dá para escolher entre buffets e restaurantes dos três hotéis. A área de praia é a mais charmosa entre os hotéis de Palm Beach; vale a pena reservar um jantar pé-na-areia ao pôr do sol. Os quartos do Marriott & Stellaris Casino são bastante luxuosos; já fiquei e gostei muito. O shopping mais próximo é o Palm Beach Plaza, onde há uma piscina de ondas, lojas de grife e cinemas (além do ótimo bistrô Taste of Belgium); mas o vizinho Paseo Herencia é mais astralzinho. Pesquise preços, veja opiniões e reserve aqui.
EAGLE BEACH
Eagle Beach
[Lá longe, Palm Beach]
A apenas 3 km do centrinho da capital Oranjestad, Eagle foi a primeira região de Aruba a ser desenvolvida para o turismo. Os hotéis não têm aquela aparência urbana de Palm Beach; são mais praianos, com poucos andares, construídos mais para o gosto europeu. Nas placas da estrada você pode encontrar a indicação “Low-Rise Hotels” (área de hotéis baixos).
Os três quilômetros da orla têm areia mais branca, mar mais cristalino e densidade demográfica bem menor do que Palm Beach. A bem da verdade, o nome da praia muda conforme o trecho; o mais próximo ao centro é Druif, daí numa curva se torna Manchebo, e só perto da metade passa a atender propriamente por Eagle.
O primeiro quilômetro e meio tem hotéis que dão diretamente na areia; a segunda metade tem faixa de areia mais larga, calçadão, avenida beira-mar e um ou outro quiosque. Mas não pense numa beira-mar com lojas e restaurantes; não é o caso. O comércio é bem reduzido na região, provavelmente pelo fato da maioria dos hotéis funcionar no sistema all-inclusive. Os restaurantes funcionam dentro dos hotéis (alguns são abertos ao público); há um grande cassino, o Alhambra, e um shopping recém-inaugurado (fiquei sabendo no Guia de Aruba da Bel Koch-Allaman).
Vale a pena se hospedar em Eagle? Para um europeu que quer absorver energia solar por quinze dias torrando na praia, o lugar é perfeito. Mas pelo que eu aprendi nas caixas de comentários dos destinos do Caribe no site, o brasileiro busca um movimentozinho à noite — e, no departamento all-inclusive, prefere resorts mais estruturados e animados do que os de Eagle. Mas se o que você está a fim é de praia boa e descanso, e quer fugir dos modelos de Cancún ou Punta Cana, então Eagle Beach pode ser o seu número.

View Aruba: onde ficar in a larger map
–> TRECHO PÉ-NA-AREIA
Tamarijn
[Tamarijn]
O primeiro trecho da orla (o mais próximo ao centro) é ocupado pelo complexo Divi, com os hotéis Tamarijn ArubaDivi Aruba, Divi Village Golf e Divi Dutch Village. Juntos, formam o grande resort da ilha, com campo de golf, recreação e entretenimento noturno. Tamarijn e Divi Aruba são all-inclusive ficam à beira-mar e têm nove restaurantes somados (os hóspedes podem freqüentar os restaurantes do vizinho). Divi Village Golf, com apartamentos mais luxuosos entre a praia e o campo de golf,  e Divi Dutch Village, com apartamentos mais simples nos fundos da propriedade, funcionam tanto sem refeições (você compra vouchers para usar em em alguns restaurantes do complexo) ou por all-inclusive (comprado ao fazer check-in, e também com oferta limitada de restaurantes no complexo). Fica no Divi Village Golf tem o prestigiado restaurante Windows on Aruba, aberto ao público (e onde hóspedes dos outros hotéis pagam extra).
O primeiro hotel passando o complexo Divi é o Casa del Mar. É o menos discreto dos hotéis da área, com quatro andares fincados na praia. Todos os apartamentos são suítes. A decoração parece meio antiquada. Não é all-inclusive.
Bem na ponta que divide duas enseadas está o primeiro hotel a ser construído na região de Eagle, o Manchebo Beach Resort. O prédio é baixinho e discreto; há lindas cabanas junto à praia que são usadas pelo spa. Os jardins também são muito bonitos. Funciona no sistema all-inclusive, com três restaurantes (há uma modalidade premium com refeições à la carte e drinks melhores). Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
Ao lado está um time-sharing das antigas, o Aruba Beach Club.
O próximo hotel é talvez o mais romântico da ilha: o Bucuti, o mais indicado para lua de mel. O hotel tem quartos elegantes e não hospeda crianças. O café da manhã está incluído nas diárias, mas as outras refeições são cobradas. O hotel recomenda o programa Dine Around, oferecido pela associação de resturantes da ilha, com menus de três pratos a 38 dólares. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
Encerrando o trecho de hotéis pé-na-areia, um outro time-sharing: o Costa Linda.
–> TRECHO COM AVENIDA
Eagle Beach
[Divisa dos trechos com e sem avenida]
Finalmente, na praiona de Eagle, a apenas uma avenida da areia, existem dois hotéis.
Um é o baratíssimo MVC Eagle, um hotel simples mas que é a maior pechincha da ilha. De carro, a muvuca de Palm Beach estará a cinco minutinhos. (Daria até para ir a pé, mas vinte minutos no escuro pela estrada não é um programa agradável.) Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
O outro é o Amsterdam Manor, construído em estilo colonial holandês, que normalmente oferece um bom custo x benefício para quem busca um pouquinho de charme. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.
ORANJESTAD

View Aruba: onde ficar in a larger map
O centrinho da capital é menos agitado que Palm Beach, mas tem o seu movimento. Os dois pólos principais são o hotel Renaissance, que tem um supercassino e um shopping de grifes, o Renaissance Mall; e a marina onde aportam os cruzeiros, que tem restaurantes, bares e um shopping (com cinemas). O ambiente varia conforme a permanência dos navios; se há um cruzeiro aportado, a região da marina fica mais viva. Para compras não-grifadas, tente a Main Street durante o dia. À noite aproveite os restaurantinhos charmosos: o Que Pasa, o Cuba’s Cooking (com música ao vivo), a paelleria  Casa Tua Barcelona e o português Gostoso.
RenaissanceRenaissance
[Renaissance Marina]
Renaissance MarinaRenaissanceRenaissance
[A lancha do Renaissance]
Renaissance Island
[Renaissance Island, exclusiva dos hóspedes do Renaissance]
Os dois grandes hotéis do centro são braços do Renaissance. O Renaissance Marina Hotel está no prédio do shopping e do cassino e só recebe adultos. O Renaissance Ocean Suites é voltado para famílias e fica numa peninsulazinha. O tchan de ambos é o acesso à Renaissance Island, uma ilhota particular, com praias melhoradas pela mão do homem, que tem ambientes separados para adultos (topless permitido) e famílias. Lanchas fazem o trajeto Renaissance Marina – Renaissance Ocean Club – ilha, ida e volta, de 20 em 20 minutos. A lancha entra dentro do Renaissance Marina — é um acontecimento. Pesquise preços, veja opiniões de hóspedes e reserve aqui.

sexta-feira, 7 de junho de 2013

Vai por mim: San Francisco a Los Angeles de carro



Highway 1, entre San Francisco e Monterey

Pecorrer a costa da Califórnia entre San Francisco e Los Angeles pela lendária costeira Highway 1 está na lista de viagens de sonho de muita gente. Acabei de fazer esse trajeto e trago impressões fresquinhas e dicas testadas na prática.

Quantos dias?
Não é dividindo os 730 quilômetros entre San Francisco e Los Angeles por nenhuma velocidade média que você descobre quantas horas são necessárias para cumprir o percurso. Trata-se de uma viagem para fazer sem afundar o pé no acelerador – e parando a cada mirante que se oferecer pelo caminho. Para esquadrinhar trecho por trecho da costeira, você vai precisar de três dias inteiros, pernoitando primeiro em Monterey ou Carmel e depois em San Luis Obispo ou Santa Bárbara antes de chegar a Los Angeles. Tendo apenas dois dias disponíveis, dá para fazer o filé; programe o pernoite em Monterey ou Carmel. Se dispuser de mais dias, demore-se em Big Sur (para fazer trilhas nos parques) ou em Santa Bárbara (para esgotar as vinícolas do Vale Santa Inês ou pegar praia).

Qual é o filé?
O eixo Monterey-Carmel-Big Sur, de apenas 70 quilômetros, detém a maior concentração de “uau” por quilômetro rodado. Neste trecho você vai encontrar o fabuloso Aquário de Monterey, a ultracenografada 17-Mile Drive, o charmosinho vilarejo de Carmel e a vertiginosa costeira até a entrada da reserva de Big Sur. Caso não se interesse por Los Angeles, você pode pernoitar e retornar dali mesmo (de Carmel a San Francisco são menos de 200 quilômetros pela auto-estrada 101, que vai pelo interior).
Negocie com o GPS
Se você quer aproveitar bem sua viagem, dirigir nos Estados Unidos sem GPS é impossível. Leve o seu do Brasil, compre um ao chegar ou certifique-se de que a sua locadora tem um aparelho para alugar. Nesta rota, porém, não basta ter um GPS: é preciso fazer com que o danado obedeça às suas ordens. Aprenda a programar os trechos que você quer fazer pela Highway 1, que é uma estrada secundária.
San Francisco: sem carro
Se você ficar uns dias antes em San Francisco (o mínimo ideal são quatro dias), não é preciso estar de carro desde o início. Assim como Nova York, San Francisco é uma cidade para ser explorada a pé e de transporte público (e quando precisar, o táxi não é caro). Deixe para pegar o carro no último dia – e aproveite para dar um rolê no Vale de Napa. Os vilarejos vizinhos de St. Helena e Yountville, que concentram as vinícolas e restaurantes, estão a uma hora e meia da Union Square.

De San Francisco a Monterey (200 km)
O dia em que parti amanheceu muito feio, então não fiz questão de ir pela costeira desde o início. Saí de San Francisco pela auto-estrada 101 e peguei a Highway 1 em Half Moon Bay, 50 quilômetros adiante. Os 80 quilômetros seguintes, até pouco antes de Santa Cruz, ostentam uma costa ainda selvagem, quase toda protegida por parques estaduais. Há falésias e dunas banhadas por um mar azul e bravo. Já os 70 quilômetros entre Santa Cruz e Monterey são pouco interessantes: muito já foi urbanizado, e a estrada corre por longos trechos sem vista para o mar. Em Monterey, dirija-se à Cannery Row, antiga região de fábricas de sardinha que foi transformada num cais turístico. No fim da rua fica uma das maiores atrações da Califórnia: o Monterey by Aquarium, que tem uma coleção sensacional de invertebrados marinhos – esponjas, anêmonas e outros exóticos habitantes dos corais, iluminados com maestria. As lontras também têm muitos fãs. Ponha o carro num estacionamento coberto (e não deixe nenhum sinal aparente de que está carregando bagagem).

De Monterey a Carmel (15 km)
Você nunca levou tanto tempo para cobrir tão pouco chão (engarrafamentos na Marginal em frente ao Robocop não contam). A 17-Mile Drive é uma estrada particular que vai do bairro Pacific Grove, em Monterey, até a entrada de Carmel. Apesar do nome, a estrada tem menos de 10 milhas. Cada carro paga 9 dólares para entrar e ganha um mapinha para zanzar pelo condomínio de  Pebble Beach— onde você pode pensar que as pedras fincadas no mar são obra dos mesmos arquitetos e paisagistas que criaram as mansões e os campos de golfe do caminho. Passando o portão de saída você estará em Carmel, uma cidade-bibelô em que nada está fora do lugar. Os hotéis de Monterey são bem mais em conta (e pela auto-estrada, ficam a meros 10 minutos), mas se você puder cacifar uma noite em Carmel, fique. É um belo lugar para guardar o carro e caminhar pelo centrinho, bisbilhotando as lojas e galerias e escolhendo um restaurante para jantar.

De Carmel a Big Sur (50 km)
Se na 17-Mile Drive você testemunha o quanto o homem pode embelezar um ambiente natural, na Highway 1 entre Carmel e Big Sur você vai ver belezas naturais em estado bruto: a estrada se equilibra entre montanhas altíssimas e desfiladeiros à beira-mar. (OK: neste trecho também há duas pontes construídas pelo homem para que você possa apreciar toda essa natureza.) Pouco depois de 40 km, porém, a estrada envereda por dentro da mata. Por ali, procure a Pfeiffer Beach, uma das prainhas mais bonitas da Califórnia — fica no Pfeiffer Big Sur State Park, ao final da Sycamore Road. Outro programa nota 10 para culminar este passeio é marcar um almoço no Sierra Mar, restaurante do cultuado hotel Post Ranch Inn, dependurado na montanha à beira-mar (abre do meio-dia às 15h; reserve pelo opentable.com).

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Até meados da década de 1990, a Colômbia era um espaço interditado no mapa da América do Sul. Dominada pelo narcotráfico e acometida por sequestros de civis em série, ela só tinha interesse turístico para quem gostava de visitar países em conflito. Depois de uma empenhada e vitoriosa luta contra a violência, o cenário mudou drasticamente. Hoje, com o turismo a todo vapor (o número de visitantes internacionais tem aumentado em mais de 100 mil por ano desde 2008), a Colômbia brilha com sua paisagem natural multifacetada, suas cidades modernas, suas vilas coloniais e sua cultura fervilhante – tudo com muita segurança. Veja, a seguir, 23 razões para conhecer e entrar no clima do país vizinho e brindar com ele sua empolgante reviravolta. Avianca Com poltronas com telas individuais e comida bem razoável, a Avianca-Taca (fusão da principal companhia colombiana com a Taca, originária de Honduras) tem voos diretos para Bogotá saindo de Brasília, São Paulo e Rio. De lá, a empresa e suas comissárias de ponchos garbosos levam a 23 destinos no país. A Avianca Brasil, embora seja do mesmo grupo, não tem plano de milhagem comum. Barranquilla Terra da Shakira e da cerveja mais popular do país, a Aguila, Barranquilla é em 2013 a Capital Americana da Cultura e terá exposições e festivais de arte, cinema, música e teatro durante o ano. A cidade sedia também o interessante Museo do Caribe, projetado sob supervisão do brasileiro Marcello Dantas, o mesmo do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. E tem um Carnaval que os colombianos dizem só perder em animação para o do Rio. Boa mesa Sim, há arepas (tortilhas feitas de farinha de milho) e patacones (banana-da-terra fita) a toda hora, em toda parte. Mas não só. Rica e autêntica, a gastronomia local não desaponta gourmets exigentes. E a mais notável evolução gastronômica dos últimos anos se deu em Cartagena, que vem recebendo novos sabores, chefs de renome e restaurantes conceituados – para nossa alegria, todos com muitos pratos na casa dos R$ 40. A última inauguração de peso foi o Marea, dos chefs Mark e Jorge Rausch, que são celebridades locais. “A cidade já é muito excitante, mas a gastronomia ainda vai dar muito o que falar aqui”, diz Rausch. O Marea compete pela atenção dos turistas com o veterano La Vitrola, ainda considerado um dos melhores de Cartagena, que tem vibe de Havana pré-revolucionária, com música cubana ao vivo e bons pratos com futos do mar. Seguem na disputa o Oh! La La, de pegada francesa, e o La Perla, para a tão em voga comida peruana. Cartagena vem recebendo novos sabores e restaurante conceituados, como o Marea Cartagena vem recebendo novos sabores e restaurantes conceituados, como o Marea - Foto: Divulgação Bogotá, a hipster Bogotá passou em pouco tempo de um campo de provas do narcotráfico a uma capital cool, boêmia, vivaz. Andina, a 2 600 metros de altitude, não tem uma beleza convencional nem se revela num primeiro momento. Com 8 milhões de habitantes e temperaturas médias de 14 graus o ano todo, pede um pouco de paciência e intrepidez do viajante. Mas recompensas não tardam a aparecer. Como, entre outras, as bibliotecas, os museus e as igrejas de La Candelaria, o Centro Histórico; os bares agitados da Zona Rosa; os restaurantes classudos da Zona G; a calmaria do parque Simon Bolívar. A cultura aflora em bairros como Macarena, na área central. “É um canto único da cidade”, me disse César Giraldo em seu ateliê, onde vende artigos de couro. Ele está em Macarena desde 2000 e acompanhou a chegada de galerias de arte, cafés como o La Choco Latera e restaurantes espalhados por quatro quadras. Para circular, táxis são baratos e o sistema de ônibus-metrô TransMilênio, similar ao de Curitiba, é eficiente. Bogotá, a hipster II Hipster que é hipster anda de bicicleta. E, em Bogotá, plana e agradável, a moda pegou. As CicloRutas – ciclovias mesmo, e não aquelas pistas improvisadas com cones – começaram a ser construídas em 1998 e hoje somam 344 quilômetros (em São Paulo são 63,5 quilômetros). Somado a isso, aos domingos as principais avenidas da cidade são fechadas das 7 às 14 horas e ficam só para as bikes. Botero, o cara Um dos artistas vivos mais famosos da América Latina, Fernando Botero já teve obras leiloadas por quase R$ 2 milhões. Suas figuras gordas, ou “volumosas”, como ele prefere, estão no Museo Botero, em Bogotá, entre elas sua versão rechonchuda da Mona Lisa. Em Medellín, terra natal do artista, a Plaza Botero guarda 23 enormes esculturas de bronze, logo ao lado do Museo de Antioquia, que tem três salas dedicadas a ele. Museo Botero, em Bogotá Museo Botero, em Bogotá - Foto: Divulgação Catedral de Sal Programa obrigatório para quem vai a Bogotá, a Catedral de Sal é originalmente uma mina de sal de Zipaquirá, 48 quilômetros ao norte da capital. Escavada no interior de uma montanha, a igreja subterrânea tem crucifixos e imagens talhados nos blocos salinos. “Con mucho gusto” “A la orden” e “con mucho gusto”, dizem sempre os colombianos, até com exagero. E eles são assim: receptivos e com um espanhol facinho de entender. Dei com gente sinceramente gentil que não se importava em parar o que estava fazendo para me ajudar. “Que te parece Colombia?”, sempre queriam saber. “Buenísima”, eu dizia. Compras Não, não dá para chamar a Colômbia de Estados Unidos nesse particular, mas, creia, ela não está muito longe. Em Bogotá há barganhas como uma loja da M.A.C. com preços “americanos” (a base líquida sai por R$ 79; como comparação, em São Paulo ela custa R$ 144). Vale também conhecer a enorme rede La Riviera, com perfumes e cosméticos, a Berskha, marca mais jovem e barata da mesma rede da espanhola Zara, além das unidades colombianas das grifes Diesel, Nike e Swatch. Cartagena também tem seu lote de lojas, algumas de designers locais, como Malvi Castañeda, de roupas, e Mercedes Salazar, de bijuterias. Se estender até San Andrés, saiba que a ilha é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas. A ilha de San Andrés é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas A ilha de San Andrés é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas - Foto: Divulgação Cartagena, la linda Na longa orla de Bocagrande, a parte mais nova de Cartagena, tapumes de obras de hotéis como Sheraton e Hyatt mostram que o turismo aposta muitas fichas nessa região da cidade. Mas o melhor não está lá, e sim em sua zona histórica, dentro das muralhas construídas no século 16 pelos espanhóis. O conjunto arquitetônico colonial faz a gente querer ficar dias flanando pelas ruelas e explorar o interior das casas antigas com pátios recônditos que hoje guardam hotéis-butique, cafés charmosos, lojinhas e uma porção admirável de restaurantes. Tudo isso vem muito a calhar, pois a praia ali está longe de provocar palpitações. O cenário é tão adorável que me senti estimulada a contratar um passeio de carruagem para voltar ao meu hotel depois de um jantar, já tarde da noite. Mas poderia ter voltado a pé, como fiz muitas vezes; as ruas iluminadas e as praças cheias de gente prenunciam que nada pode dar errado naquela cidade cartão-postal. Cumbia, salsa, reggaeton e muito mais “Dois passos para a frente, dois para trás. Agora gira!”, mandou Gustavo Gomez, um colombiano baixinho e atarracado de Cáli, cidade que se autodenomina capital da salsa. Gustavo rodopiava pelo salão de olho em desajeitadas como eu, que não conseguiam acompanhar o rebolado próprio do ritmo. Ainda que se ouça muito merengue, reggaeton e outros estilos musicais calientes do Caribe, é a salsa que mais incita os colombianos a bailar. Já o vallenato é uma criação local que lembra o sertanejo e o forró; ouvi incontáveis motoristas de táxi entoando a plenos pulmões suas letras melosas. Particularmente, eu recomendo a bandinha da moda Bomba Estéreo, que faz um misto de reggae, música eletrônica e cumbia, ritmo urbano que mistura música latina, indígena e negra. A salsa é o ritmo que mais incita os colombianos a dançar A salsa é o ritmo que mais incita os colombianos a dançar - Foto: AFP Gabo Gabriel García Márquez, o Gabo, é uma sumidade local. Dá nome a salas de museus, centros culturais, passeios turísticos. Mas é em Cartagena, onde o escritor vive, que sua presença é mais sentida. Ali estão a mansão construída por ele, a antiga sede do jornal El Universal, onde começou sua carreira, além de muitos cenários de suas histórias. Levei Do Amor e Outros Demônios a tiracolo e vi o antigo Convento de Santa Clara – hoje o luxuoso hotel Sofitel Santa Clara –, onde se passa o romance entre Sierva María e Cayetano Delaura, e perambulei por Getsemaní, o bairro fora das muralhas, pensando em O Amor nos Tempos do Cólera. Torci em vão por um encontro real com o autor, que, dizem, frequenta os bares dali. Islas del Rosario O tempo de estada nas ilhas depende da dose de Caribe que você procura. Se for só para sanar a vontade de praia bonita que Cartagena deixou, faça apenas um bate e volta de barco (são 45 minutos até o arquipélago) e mergulhe no mar transparente com corais coloridos. Mas há hotéis simples com praias exclusivas de brinde, caso você queira dar um tempo para o paraíso se revelar. Museus de ouro Na Colômbia, museus dedicados ao ouro são quase tão comuns quanto as praças com o nome do libertador Simón Bolívar. No século 16, a abundância do metal no país alimentou a cobiça e o interesse dos colonizadores espanhóis. Os povos indígenas que lá viviam usavam o metal em diversos artefatos, e a melhor coleção deles está no grandioso Museo del Oro, em Bogotá. O museu tem 34 mil peças de ouro, mais da metade de todo o acervo. Manizales, Armênia e o Triângulo do Café Graças a uma dedicada e decidida estratégia de marketing que remonta aos anos 1960, o café se tornou parte importante da identidade da Colômbia e é considerado top. O país é o quinto produtor mundial, e a principal região cafeeira do país, o chamado Triângulo do Café – cujas principais cidades são Armênia, Pereira e Manizales –, a cerca de uma hora de voo de Bogotá, é também muito turística. Estive na La Morelia, uma das muitas fazendas que oferecem tour pela produção do café. “Tem de sorver, sentir e cuspir”, me explicaram os baristas do lugar durante uma degustação. Levei então à boca o líquido cheiroso e amargo (não ousei pedir açúcar) e ensaiei um veredicto. Se a região ainda se ressente de uma melhor estrutura turística, tem hotéis de charme chegando, como a Hacienda Bambusa, com decoração que não faria feio em Trancoso, e restaurante de primeira. E fica perto da Terraza San Alberto, onde a degustação de café é uma experiência sublime: em um terraço cravado no alto da montanha. Fazendas como a La Morelia oferecem tour pela produção do café Fazendas como a La Morelia oferecem tour pela produção do café - Foto: Divulgação Medellín Talvez o símbolo mais emblemático da vitória colombiana contra a violência, a segunda maior cidade do país, com 3,5 milhões de habitantes, não é mais associada a cartel, cocaína, Pablo Escobar. Desde o começo dos anos 1990, Medellín vê uma verdadeira transformação em seu espaço público, com generosos investimentos em infraestrutura, educação, transporte e principalmente arquitetura, com novos e modernos prédios. Nos anos 1990, a taxa de homicídios, 381 para cada 100 mil habitantes, estava no pico; hoje são 60 para cada 100 mil habitantes – ainda alta se comparada à média brasileira, 26,2. Parques, bibliotecas, hotéis, museus e um sistema de metrô (o único do país) mudaram a paisagem. E há uma busca constante por soluções inovadoras para mobilidade urbana, como o Metro Cable, um teleférico integrado ao metrô, e uma pioneira escada rolante ao ar livre de 130 metros, que ajudam a transportar a população das favelas e dos bairros periféricos até as zonas centrais. Passarinhada Francis Hime e Chico Buarque, que compuseram Passaredo (Foge, asa-branca / Vai, patativa), talvez dessem alguma continuação à música caso vivessem na Colômbia. O país tem o maior número de pássaros catalogados do mundo – cerca de 1 870 espécies, pouco mais que o Brasil. O auge do birdwatching é na Sierra Nevada de Santa Marta, onde vivem 36 espécies endêmicas colombianas. Rosas, rosas, rosas Um país que tem em sua pauta de exportação o item “flores” é no mínimo simpático – e seguramente florido. A Colômbia é grande produtora de flores, especialmente rosas, rosas vigorosas, formosas, mimosas, todas tão rosas, como cantaria Dorival Caymmi se as visse. Mas há mais. Para onde quer que se olhe, cravos, hortênsias e copos-de-leite dão um charme sutil às sacadas das casas, às mesas dos restaurantes, aos cabelos das moças. Salada de frutas Colômbia e suas frutas estão no imaginário de quem leu Gabriel García Márquez e suas histórias ambientadas em cidades nas quais atuava a United Fruit Company, a multinacional americana que tomava conta da produção colombiana de frutas (e de boa parte da América Central). A UFC é passado, mas o país continua um lugar e tanto para exercitar as papilas gustativas com frutas para nós pouco familiares. Pequena seleção pessoal: a) granadilha, da família do maracujá; b) lulo, típico da região dos Andes, ácido como a laranja; c) feijoa, que lembra a goiaba. Os colombianos ainda usam amoras- silvestres, as moras, em sucos e sobremesas, como o obleas, um sanduíche lambuzento de biscoito waffle misturado com doce de leite. Salento e Valle del Cocora Confesso: não entendi o porquê de Salento ter virado o reduto de mochileiros estrangeiros que é. A 30 quilômetros de Armênia, no Triângulo do Café, a cidadezinha tem gringos que parecem não estar nem aí para o ouro negro colombiano. As ruas lotadas de lojinhas de artesanato e pequenos restaurantes que servem a típica bandeja paisa (uma mistureba deliciosa de feijão, linguiça, torresmo, arroz, abacate, arepas, ovos, presunto, alface e tomate) são também cheias de estrangeiros que vão ao Parque Nacional Valle del Cocora. Nele estão as palmas de cera, palmeiras que são as árvores nacionais da Colômbia, finas e compridíssimas: podem chegar a 60 metros de altura. Há muitas trilhas, cascatas e até uma fazenda repleta de beija-flores. Parque Nacional Valle Del Cocora, onde estão as palmas de cera - palmeiras finas e compridíssimas Parque Nacional Valle Del Cocora, onde estão as palmas de cera - Foto: Betina Neves Santa Marta, Taganga e Tayrona Mais antiga cidade do país, Santa Marta, a três horas de Cartagena, é mais uma que trocou o narcotráfico pelo turismo. Principalmente porque guarda o Parque Nacional Natural Tayrona, uma imensidão verde com localização improvável entre o Mar do Caribe e os picos de neve eterna da Sierra Nevada. Da entrada do parque, montada num pangaré – a receita antiestresse por excelência –, cheguei à praia de Cabo San Juan del Guía, onde fui conhecer minhas acomodações: um redário no alto da montanha. Nem os mosquitos nem o vento me impediram de dormir como um bebê. Acordei quase junto com o Sol, incrédula com a vista delirante, e parti por trilhas que recompensavam cada passo com uma praia deserta. Você pode também pousar no Ecohabs, o único hotel dentro do parque, ou na vila de Taganga, de onde saem barcos que levam às praias. Mas eu jamais dispensaria aquela noite, olhos nos olhos com Tayrona. San Andrés Mais próxima da costa da Nicarágua do que da própria Colômbia (e a cerca de US$ 500, se você comprar a passagem em Bogotá), a ilha em formato de cavalo-marinho é a principal do arquipélago colombiano, rodeado por cayos e ilhotas com mar multicolorido. San Andrés concentra em suas minicidades resorts all-inclusive sem frescuras, lojas duty free e histórias de piratas – dizem que o corsário galês Henry Morgan escondia seu tesouro ali. Mas, sem dúvida, o lugar onde estar é dentro d’água, nadando com tartarugas e peixes de todos os tamanhos que vivem na terceira maior barreira de corais do mundo, situada ali. O tour obrigatório é ir até Rose Cay (na foto), que tem mar transparente cheio de arraias, para depois deitar nas areias branquíssimas do Parque Regional Johnny Cay. Villa de Leyva A graça em Villa de Leyva, 170 quilômetros ao norte de Bogotá, é justamente o prosaico. É acompanhar a rotina da adorável vila fundada em 1572, onde vivem 18 mil habitantes. As ruas são de pedra, com falhas que enganam o andar da gente. As casinhas de arquitetura colonial espanhola do século 16 são lindamente conservadas, com janelas e varandas invariavelmente floridas. Outro mérito de Leyva é estar aos pés dos Andes: vi de longe, em um passeio a cavalo, a sombra que a imponente cordilheira faz sobre a vila. À noite, a boa é caminhar pelas ruas iluminadas, sentar sob o luar numa das mesas da Casa de Quintero e coroar com uma taça de vinho, vendo o movimento esmorecer na Plaza Mayor.

Até meados da década de 1990, a Colômbia era um espaço interditado no mapa da América do Sul. Dominada pelo narcotráfico e acometida por sequestros de civis em série, ela só tinha interesse turístico para quem gostava de visitar países em conflito. Depois de uma empenhada e vitoriosa luta contra a violência, o cenário mudou drasticamente. Hoje, com o turismo a todo vapor (o número de visitantes internacionais tem aumentado em mais de 100 mil por ano desde 2008), a Colômbia brilha com sua paisagem natural multifacetada, suas cidades modernas, suas vilas coloniais e sua cultura fervilhante – tudo com muita segurança. Veja, a seguir, 23 razões para conhecer e entrar no clima do país vizinho e brindar com ele sua empolgante reviravolta.
Avianca
Com poltronas com telas individuais e comida bem razoável, a Avianca-Taca (fusão da principal companhia colombiana com a Taca, originária de Honduras) tem voos diretos para Bogotá saindo de Brasília, São Paulo e Rio. De lá, a empresa e suas comissárias de ponchos garbosos levam a 23 destinos no país. A Avianca Brasil, embora seja do mesmo grupo, não tem plano de milhagem comum.
Barranquilla
Terra da Shakira e da cerveja mais popular do país, a Aguila, Barranquilla é em 2013 a Capital Americana da Cultura e terá exposições e festivais de arte, cinema, música e teatro durante o ano. A cidade sedia também o interessante Museo do Caribe, projetado sob supervisão do brasileiro Marcello Dantas, o mesmo do Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. E tem um Carnaval que os colombianos dizem só perder em animação para o do Rio.
Boa mesa
Sim, há arepas (tortilhas feitas de farinha de milho) e patacones (banana-da-terra fita) a toda hora, em toda parte. Mas não só. Rica e autêntica, a gastronomia local não desaponta gourmets exigentes. E a mais notável evolução gastronômica dos últimos anos se deu em Cartagena, que vem recebendo novos sabores, chefs de renome e restaurantes conceituados – para nossa alegria, todos com muitos pratos na casa dos R$ 40. A última inauguração de peso foi o Marea, dos chefs Mark e Jorge Rausch, que são celebridades locais. “A cidade já é muito excitante, mas a gastronomia ainda vai dar muito o que falar aqui”, diz Rausch. O Marea compete pela atenção dos turistas com o veterano La Vitrola, ainda considerado um dos melhores de Cartagena, que tem vibe de Havana pré-revolucionária, com música cubana ao vivo e bons pratos com futos do mar. Seguem na disputa o Oh! La La, de pegada francesa, e o La Perla, para a tão em voga comida peruana.

Cartagena vem recebendo novos sabores e restaurante conceituados, como o Marea
Cartagena vem recebendo novos sabores e restaurantes conceituados, como o Marea - Foto: Divulgação
Bogotá, a hipster
Bogotá passou em pouco tempo de um campo de provas do narcotráfico a uma capital cool, boêmia, vivaz. Andina, a 2 600 metros de altitude, não tem uma beleza convencional nem se revela num primeiro momento. Com 8 milhões de habitantes e temperaturas médias de 14 graus o ano todo, pede um pouco de paciência e intrepidez do viajante. Mas recompensas não tardam a aparecer. Como, entre outras, as bibliotecas, os museus e as igrejas de La Candelaria, o Centro Histórico; os bares agitados da Zona Rosa; os restaurantes classudos da Zona G; a calmaria do parque Simon Bolívar. A cultura aflora em bairros como Macarena, na área central. “É um canto único da cidade”, me disse César Giraldo em seu ateliê, onde vende artigos de couro. Ele está em Macarena desde 2000 e acompanhou a chegada de galerias de arte, cafés como o La Choco Latera e restaurantes espalhados por quatro quadras. Para circular, táxis são baratos e o sistema de ônibus-metrô TransMilênio, similar ao de Curitiba, é eficiente.
Bogotá, a hipster II
Hipster que é hipster anda de bicicleta. E, em Bogotá, plana e agradável, a moda pegou. As CicloRutas – ciclovias mesmo, e não aquelas pistas improvisadas com cones – começaram a ser construídas em 1998 e hoje somam 344 quilômetros (em São Paulo são 63,5 quilômetros). Somado a isso, aos domingos as principais avenidas da cidade são fechadas das 7 às 14 horas e ficam só para as bikes.
Botero, o cara
Um dos artistas vivos mais famosos da América Latina, Fernando Botero já teve obras leiloadas por quase R$ 2 milhões. Suas figuras gordas, ou “volumosas”, como ele prefere, estão no Museo Botero, em Bogotá, entre elas sua versão rechonchuda da Mona Lisa. Em Medellín, terra natal do artista, a Plaza Botero guarda 23 enormes esculturas de bronze, logo ao lado do Museo de Antioquia, que tem três salas dedicadas a ele.

Museo Botero, em Bogotá
Museo Botero, em Bogotá - Foto: Divulgação
Catedral de Sal
Programa obrigatório para quem vai a Bogotá, a Catedral de Sal é originalmente uma mina de sal de Zipaquirá, 48 quilômetros ao norte da capital. Escavada no interior de uma montanha, a igreja subterrânea tem crucifixos e imagens talhados nos blocos salinos.
“Con mucho gusto”
“A la orden” e “con mucho gusto”, dizem sempre os colombianos, até com exagero. E eles são assim: receptivos e com um espanhol facinho de entender. Dei com gente sinceramente gentil que não se importava em parar o que estava fazendo para me ajudar. “Que te parece Colombia?”, sempre queriam saber. “Buenísima”, eu dizia.
Compras
Não, não dá para chamar a Colômbia de Estados Unidos nesse particular, mas, creia, ela não está muito longe. Em Bogotá há barganhas como uma loja da M.A.C. com preços “americanos” (a base líquida sai por R$ 79; como comparação, em São Paulo ela custa R$ 144). Vale também conhecer a enorme rede La Riviera, com perfumes e cosméticos, a Berskha, marca mais jovem e barata da mesma rede da espanhola Zara, além das unidades colombianas das grifes Diesel, Nike e Swatch. Cartagena também tem seu lote de lojas, algumas de designers locais, como Malvi Castañeda, de roupas, e Mercedes Salazar, de bijuterias. Se estender até San Andrés, saiba que a ilha é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas.

A ilha de San Andrés é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas
A ilha de San Andrés é livre de impostos e tem duty frees com eletrônicos, bebidas, cosméticos, tênis e roupas - Foto: Divulgação
Cartagena, la linda
Na longa orla de Bocagrande, a parte mais nova de Cartagena, tapumes de obras de hotéis como Sheraton e Hyatt mostram que o turismo aposta muitas fichas nessa região da cidade. Mas o melhor não está lá, e sim em sua zona histórica, dentro das muralhas construídas no século 16 pelos espanhóis. O conjunto arquitetônico colonial faz a gente querer ficar dias flanando pelas ruelas e explorar o interior das casas antigas com pátios recônditos que hoje guardam hotéis-butique, cafés charmosos, lojinhas e uma porção admirável de restaurantes. Tudo isso vem muito a calhar, pois a praia ali está longe de provocar palpitações. O cenário é tão adorável que me senti estimulada a contratar um passeio de carruagem para voltar ao meu hotel depois de um jantar, já tarde da noite. Mas poderia ter voltado a pé, como fiz muitas vezes; as ruas iluminadas e as praças cheias de gente prenunciam que nada pode dar errado naquela cidade cartão-postal.
Cumbia, salsa, reggaeton e muito mais
“Dois passos para a frente, dois para trás. Agora gira!”, mandou Gustavo Gomez, um colombiano baixinho e atarracado de Cáli, cidade que se autodenomina capital da salsa. Gustavo rodopiava pelo salão de olho em desajeitadas como eu, que não conseguiam acompanhar o rebolado próprio do ritmo. Ainda que se ouça muito merengue, reggaeton e outros estilos musicais calientes do Caribe, é a salsa que mais incita os colombianos a bailar. Já o vallenato é uma criação local que lembra o sertanejo e o forró; ouvi incontáveis motoristas de táxi entoando a plenos pulmões suas letras melosas. Particularmente, eu recomendo a bandinha da moda Bomba Estéreo, que faz um misto de reggae, música eletrônica e cumbia, ritmo urbano que mistura música latina, indígena e negra.

A salsa é o ritmo que mais incita os colombianos a dançar
A salsa é o ritmo que mais incita os colombianos a dançar - Foto: AFP
Gabo
Gabriel García Márquez, o Gabo, é uma sumidade local. Dá nome a salas de museus, centros culturais, passeios turísticos. Mas é em Cartagena, onde o escritor vive, que sua presença é mais sentida. Ali estão a mansão construída por ele, a antiga sede do jornal El Universal, onde começou sua carreira, além de muitos cenários de suas histórias. Levei Do Amor e Outros Demônios a tiracolo e vi o antigo Convento de Santa Clara – hoje o luxuoso hotel Sofitel Santa Clara –, onde se passa o romance entre Sierva María e Cayetano Delaura, e perambulei por Getsemaní, o bairro fora das muralhas, pensando em O Amor nos Tempos do Cólera. Torci em vão por um encontro real com o autor, que, dizem, frequenta os bares dali.
Islas del Rosario
O tempo de estada nas ilhas depende da dose de Caribe que você procura. Se for só para sanar a vontade de praia bonita que Cartagena deixou, faça apenas um bate e volta de barco (são 45 minutos até o arquipélago) e mergulhe no mar transparente com corais coloridos. Mas há hotéis simples com praias exclusivas de brinde, caso você queira dar um tempo para o paraíso se revelar.
Museus de ouro
Na Colômbia, museus dedicados ao ouro são quase tão comuns quanto as praças com o nome do libertador Simón Bolívar. No século 16, a abundância do metal no país alimentou a cobiça e o interesse dos colonizadores espanhóis. Os povos indígenas que lá viviam usavam o metal em diversos artefatos, e a melhor coleção deles está no grandioso Museo del Oro, em Bogotá. O museu tem 34 mil peças de ouro, mais da metade de todo o acervo.
Manizales, Armênia e o Triângulo do Café
Graças a uma dedicada e decidida estratégia de marketing que remonta aos anos 1960, o café se tornou parte importante da identidade da Colômbia e é considerado top. O país é o quinto produtor mundial, e a principal região cafeeira do país, o chamado Triângulo do Café – cujas principais cidades são Armênia, Pereira e Manizales –, a cerca de uma hora de voo de Bogotá, é também muito turística. Estive na La Morelia, uma das muitas fazendas que oferecem tour pela produção do café. “Tem de sorver, sentir e cuspir”, me explicaram os baristas do lugar durante uma degustação. Levei então à boca o líquido cheiroso e amargo (não ousei pedir açúcar) e ensaiei um veredicto. Se a região ainda se ressente de uma melhor estrutura turística, tem hotéis de charme chegando, como a Hacienda Bambusa, com decoração que não faria feio em Trancoso, e restaurante de primeira. E fica perto da Terraza San Alberto, onde a degustação de café é uma experiência sublime: em um terraço cravado no alto da montanha.

Fazendas como a La Morelia oferecem tour pela produção do café
Fazendas como a La Morelia oferecem tour pela produção do café - Foto: Divulgação
Medellín
Talvez o símbolo mais emblemático da vitória colombiana contra a violência, a segunda maior cidade do país, com 3,5 milhões de habitantes, não é mais associada a cartel, cocaína, Pablo Escobar. Desde o começo dos anos 1990, Medellín vê uma verdadeira transformação em seu espaço público, com generosos investimentos em infraestrutura, educação, transporte e principalmente arquitetura, com novos e modernos prédios. Nos anos 1990, a taxa de homicídios, 381 para cada 100 mil habitantes, estava no pico; hoje são 60 para cada 100 mil habitantes – ainda alta se comparada à média brasileira, 26,2. Parques, bibliotecas, hotéis, museus e um sistema de metrô (o único do país) mudaram a paisagem. E há uma busca constante por soluções inovadoras para mobilidade urbana, como o Metro Cable, um teleférico integrado ao metrô, e uma pioneira escada rolante ao ar livre de 130 metros, que ajudam a transportar a população das favelas e dos bairros periféricos até as zonas centrais.
Passarinhada
Francis Hime e Chico Buarque, que compuseram Passaredo (Foge, asa-branca / Vai, patativa), talvez dessem alguma continuação à música caso vivessem na Colômbia. O país tem o maior número de pássaros catalogados do mundo – cerca de 1 870 espécies, pouco mais que o Brasil. O auge do birdwatching é na Sierra Nevada de Santa Marta, onde vivem 36 espécies endêmicas colombianas.
Rosas, rosas, rosas
Um país que tem em sua pauta de exportação o item “flores” é no mínimo simpático – e seguramente florido. A Colômbia é grande produtora de flores, especialmente rosas, rosas vigorosas, formosas, mimosas, todas tão rosas, como cantaria Dorival Caymmi se as visse. Mas há mais. Para onde quer que se olhe, cravos, hortênsias e copos-de-leite dão um charme sutil às sacadas das casas, às mesas dos restaurantes, aos cabelos das moças.
Salada de frutas
Colômbia e suas frutas estão no imaginário de quem leu Gabriel García Márquez e suas histórias ambientadas em cidades nas quais atuava a United Fruit Company, a multinacional americana que tomava conta da produção colombiana de frutas (e de boa parte da América Central). A UFC é passado, mas o país continua um lugar e tanto para exercitar as papilas gustativas com frutas para nós pouco familiares. Pequena seleção pessoal: a) granadilha, da família do maracujá; b) lulo, típico da região dos Andes, ácido como a laranja; c) feijoa, que lembra a goiaba. Os colombianos ainda usam amoras- silvestres, as moras, em sucos e sobremesas, como o obleas, um sanduíche lambuzento de biscoito waffle misturado com doce de leite.
Salento e Valle del Cocora
Confesso: não entendi o porquê de Salento ter virado o reduto de mochileiros estrangeiros que é. A 30 quilômetros de Armênia, no Triângulo do Café, a cidadezinha tem gringos que parecem não estar nem aí para o ouro negro colombiano. As ruas lotadas de lojinhas de artesanato e pequenos restaurantes que servem a típica bandeja paisa (uma mistureba deliciosa de feijão, linguiça, torresmo, arroz, abacate, arepas, ovos, presunto, alface e tomate) são também cheias de estrangeiros que vão ao Parque Nacional Valle del Cocora. Nele estão as palmas de cera, palmeiras que são as árvores nacionais da Colômbia, finas e compridíssimas: podem chegar a 60 metros de altura. Há muitas trilhas, cascatas e até uma fazenda repleta de beija-flores.

Parque Nacional Valle Del Cocora, onde estão as palmas de cera - palmeiras finas e compridíssimas
Parque Nacional Valle Del Cocora, onde estão as palmas de cera - Foto: Betina Neves
Santa Marta, Taganga e Tayrona
Mais antiga cidade do país, Santa Marta, a três horas de Cartagena, é mais uma que trocou o narcotráfico pelo turismo. Principalmente porque guarda o Parque Nacional Natural Tayrona, uma imensidão verde com localização improvável entre o Mar do Caribe e os picos de neve eterna da Sierra Nevada. Da entrada do parque, montada num pangaré – a receita antiestresse por excelência –, cheguei à praia de Cabo San Juan del Guía, onde fui conhecer minhas acomodações: um redário no alto da montanha. Nem os mosquitos nem o vento me impediram de dormir como um bebê. Acordei quase junto com o Sol, incrédula com a vista delirante, e parti por trilhas que recompensavam cada passo com uma praia deserta. Você pode também pousar no Ecohabs, o único hotel dentro do parque, ou na vila de Taganga, de onde saem barcos que levam às praias. Mas eu jamais dispensaria aquela noite, olhos nos olhos com Tayrona.
San Andrés
Mais próxima da costa da Nicarágua do que da própria Colômbia (e a cerca de US$ 500, se você comprar a passagem em Bogotá), a ilha em formato de cavalo-marinho é a principal do arquipélago colombiano, rodeado por cayos e ilhotas com mar multicolorido. San Andrés concentra em suas minicidades resorts all-inclusive sem frescuras, lojas duty free e histórias de piratas – dizem que o corsário galês Henry Morgan escondia seu tesouro ali. Mas, sem dúvida, o lugar onde estar é dentro d’água, nadando com tartarugas e peixes de todos os tamanhos que vivem na terceira maior barreira de corais do mundo, situada ali. O tour obrigatório é ir até Rose Cay (na foto), que tem mar transparente cheio de arraias, para depois deitar nas areias branquíssimas do Parque Regional Johnny Cay.
Villa de Leyva
A graça em Villa de Leyva, 170 quilômetros ao norte de Bogotá, é justamente o prosaico. É acompanhar a rotina da adorável vila fundada em 1572, onde vivem 18 mil habitantes. As ruas são de pedra, com falhas que enganam o andar da gente. As casinhas de arquitetura colonial espanhola do século 16 são lindamente conservadas, com janelas e varandas invariavelmente floridas. Outro mérito de Leyva é estar aos pés dos Andes: vi de longe, em um passeio a cavalo, a sombra que a imponente cordilheira faz sobre a vila. À noite, a boa é caminhar pelas ruas iluminadas, sentar sob o luar numa das mesas da Casa de Quintero e coroar com uma taça de vinho, vendo o movimento esmorecer na Plaza Mayor.